AleaSoft Energy Forecasting, 19 de setembro de 2025. Atualmente, o comércio de energia é essencial para gerir riscos, otimizar ativos e proporcionar estabilidade num mercado volátil. Já não é exclusivo de bancos ou grandes corporações, abrangendo comercializadores, produtores renováveis, consumidores industriais ou gestores de baterias. A sua eficácia depende de previsões fiáveis, que antecipem preços, demanda, energias renováveis ou meteorologia. O comércio é a ferramenta que transforma a incerteza do mercado em oportunidades e resiliência.
O trading no setor energético é, hoje mais do que nunca, uma atividade fundamental para a rentabilidade, a gestão de riscos e a eficiência do sistema elétrico. Embora muitas vezes seja associado apenas a grandes empresas ou bancos de investimento, a sua relevância estende-se desde comercializadoras a produtores renováveis, passando por consumidores eletrointensivos, operadores de baterias ou fundos de investimento. Compreender o que é o comércio de energia, quem o realiza, com que objetivos e por que razão as previsões desempenham um papel fundamental é crucial num contexto de mercados cada vez mais voláteis e exigentes.
O que é o comércio de energia?
O comércio de energia é a atividade de compra e venda de energia ou produtos derivados da energia, ou seja, eletricidade, gás, direitos de emissão de CO2, garantias de origem, etc., em mercados organizados ou transações bilaterais, com o objetivo de obter benefícios económicos, reduzir riscos ou cumprir obrigações contratuais.
A negociação não se limita à compra e venda física de energia, eletricidade ou gás, mas inclui também produtos financeiros como futuros, opções ou swaps, que permitem garantir preços, especular com as variações do mercado ou cobrir exposições.
Quem faz trading?
O comércio de energia já não é um terreno exclusivo de alguns especialistas financeiros, mas abrange a maioria dos agentes do setor, cada um com os seus próprios objetivos. As comercializadoras procuram otimizar a sua posição compradora no mercado elétrico, equilibrando o custo de aquisição com o preço de venda aos clientes para maximizar margens ou evitar perdas. Os produtores de energia, especialmente renovável, vendem a sua produção nos mercados spot ou através de contratos a prazo, como PPA ou futuros, e utilizam o comércio como mecanismo de cobertura contra possíveis flutuações de preços ou desvios em relação às previsões.
No caso dos consumidores intensivos de eletricidade, como as indústrias siderúrgica, alumínio ou química, a prioridade é mitigar a exposição à volatilidade dos preços da energia, garantindo custos previsíveis no futuro. Os operadores de ativos de armazenamento de energia, principalmente baterias, fazem negociação «física» de eletricidade, aproveitando as diferenças de preços horárias, diárias ou semanais para obter rentabilidade, uma estratégia que depende da sua capacidade de antecipar corretamente as subidas e descidas do mercado.
Por sua vez, os fundos de investimento e os traders financeiros participam nesses mercados em busca de rentabilidade.
Para que se faz trading?
A negociação de energia responde a uma série de objetivos estratégicos que são essenciais no atual contexto de volatilidade dos mercados. Em primeiro lugar, atua como um mecanismo de gestão de riscos, permitindo que os compradores se protejam contra preços elevados e os vendedores contra preços baixos. Além disso, constitui uma ferramenta de maximização de lucros, aproveitando oportunidades de comprar a preços mais baixos e vender a preços mais altos em horizontes temporais de horas, dias ou meses.
Outra das suas funções é a arbitragem entre mercados, que permite tirar partido das diferenças de preços existentes entre mercados, como entre os mercados spot e de futuros. Também desempenha um papel fundamental na otimização de ativos, especialmente no caso do armazenamento e da flexibilidade, onde o valor provém da diferença entre preços altos e baixos.
Por último, o trading é essencial para o cumprimento contratual em PPAs ou contratos bilaterais que obrigam a fornecer energia sob determinadas condições. Sem o trading, esses agentes correriam o risco de descumprir contratos ou regulamentações, com as penalidades que isso acarreta. Em suma, o trading de energia permite transformar a incerteza do mercado em uma oportunidade, mitigar riscos e até mesmo otimizar lucros.
Por que as previsões são tão importantes para o comércio de energia?
O comércio de energia não é uma aposta às cegas, mas uma atividade que se baseia em modelos de previsão. Em mercados tão sensíveis a fatores externos como a meteorologia, a evolução da demanda de eletricidade, a produção renovável ou os preços dos combustíveis e do CO2, contar com previsões fiáveis faz toda a diferença.
As previsões permitem antecipar a evolução dos preços spot e futuros, a produção renovável eólica e solar, a demanda de eletricidade em horizontes horários ou diários, bem como a disponibilidade de interligações internacionais. Também são essenciais para prever condições meteorológicas críticas, como ondas de frio, calor, vento ou chuva, e para identificar cenários de congestionamento ou desacoplamento entre mercados.
Sem previsões precisas, o trading reduz-se praticamente a uma lotaria; com previsões de qualidade, transforma-se numa ferramenta de rentabilidade, gestão de risco e resiliência num ambiente de alta volatilidade.
Para obter previsões precisas e facilitar a tomada de decisões em negociações, é necessário contar com uma base de dados robusta, exaustiva e dinâmica, como a que é fornecida pela Alea Energy Database. Esta ferramenta é uma base de dados centralizada, com todos os dados de preços spot, demanda, combustíveis, CO2, climatologia ou curvas de futuros. Esses dados são atualizados continuamente e é possível configurar alertas para monitorizar a sua volatilidade. Com ela, é possível fazer uma análise avançada do mercado, comparando séries históricas, médias móveis e intervalos dinâmicos com visualizações interativas.
Quem deve negociar?
Num mercado energético tão complexo como o atual, praticamente todos os intervenientes precisam de contar, direta ou indiretamente, com uma estratégia de negociação ou cobertura. Mesmo aqueles que não dispõem de equipas especializadas podem recorrer a plataformas, acordos com grossistas ou consultores externos para gerir a sua exposição ao risco.
As pequenas comercializadoras, mesmo que não tenham uma equipa de traders, podem recorrer a este tipo de soluções para equilibrar as suas compras no mercado e evitar perdas. Os promotores de energias renováveis, mesmo tendo assinado PPAs, necessitam de estratégias de trading para cobrir riscos de perfil e desvios, enquanto que em projetos sem contratos de longo prazo o trading é fundamental para maximizar as receitas.
Os consumidores industriais, especialmente os que consomem muita eletricidade, não podem assumir o risco de picos de preço inesperados, por isso costumam combinar contratos indexados com coberturas parciais que estabilizam os seus custos. No caso dos projetos com baterias, o trading é o núcleo da sua atividade e a sua rentabilidade depende de prever corretamente a evolução dos preços e operar com base nessas sinais.
Por fim, os investidores e gestores de ativos também precisam de estratégias de negociação ou cobertura para estabilizar fluxos e avaliar adequadamente seus ativos em um ambiente de alta incerteza.
A evolução do comércio de energia: do risco à estratégia
O comércio de energia deixou de ser uma atividade reservada a especialistas financeiros para se tornar uma ferramenta essencial para a gestão estratégica de qualquer empresa do setor energético. A crescente volatilidade, a integração massiva das energias renováveis e a incerteza regulatória tornam mais arriscado não participar no mercado com uma estratégia ativa ou de cobertura.
Neste contexto, as previsões de preços e outras variáveis do mercado são uma necessidade. Porque, em última análise, no comércio de energia, o conhecimento do futuro, embora nunca seja perfeito, é a melhor defesa contra a incerteza.
O papel do comércio na transição energética
Este artigo faz parte de uma série dedicada aos diferentes grupos de agentes que operam no setor energético. Cada edição analisa os desafios, necessidades e ferramentas específicas que permitem a esses atores avançar num ambiente marcado pela transição energética. Até ao momento, foram publicados artigos dedicados à indústria e aos grandes consumidores, às comercializadoras, aos geradores (Utilities e IPP), aos centros de controlo e às renováveis e sistemas de armazenamento de energia. Nas próximas publicações, serão abordados outros grupos, como os operadores do sistema elétrico (TSO) e os atores ligados aos combustíveis renováveis, como o hidrogénio verde, o metanol, o amoníaco ou os biocombustíveis.
Análise da AleaSoft Energy Forecasting sobre as perspetivas dos mercados de energia na Europa, o armazenamento de energia e o financiamento de projetos renováveis
No passado dia 18 de setembro, realizou-se o webinar número 58 da série de webinars mensais organizados pela AleaSoft Energy Forecasting. Além da evolução e das perspetivas dos mercados europeus de energia, foram analisadas as perspetivas do armazenamento de energia com baterias e do autoconsumo. Também foram apresentados os serviços da AleaSoft para melhorar a estratégia, gestão e planeamento das comercializadoras.
Dando continuidade à análise das energias renováveis e do armazenamento, no próximo dia 9 de outubro será realizado o webinar número 59. Neste webinar participarão, pelo sexto ano consecutivo, palestrantes convidados da Deloitte. Os temas analisados serão a evolução e as perspetivas dos mercados europeus de energia para o inverno de 2025-2026, o financiamento de projetos de energias renováveis e de armazenamento de energia, as perspetivas das baterias e da hibridização, e a importância das previsões nas auditorias e na avaliação de carteiras.
Fonte: AleaSoft Energy Forecasting.