AleaSoft Energy Forecasting, 30 de abril de 2025. O colapso dos preços durante as horas solares pôs em causa a viabilidade financeira de muitos projectos fotovoltaicos. A canibalização dos preços, a queda do preço capturado, as dificuldades em fechar os CAE em condições favoráveis e a necessidade de soluções estruturais como o armazenamento de energia estão a criar um novo paradigma para o desenvolvimento das energias renováveis. A adaptação ao novo contexto já não é uma opção, mas sim uma condição para novos progressos.
Nos últimos anos, o crescimento da energia fotovoltaica na Europa tem sido vertiginoso. Impulsionado pela redução dos custos dos módulos solares, por objectivos climáticos ambiciosos e por um quadro regulamentar favorável, o sector atingiu níveis recorde de novas capacidades instaladas. No entanto, este sucesso trouxe consigo um novo desafio: o colapso dos preços das horas de energia solar e as suas consequências para a viabilidade financeira dos novos projectos.
Os preços baixos e o risco de canibalização
Em mercados como o espanhol, o fenómeno conhecido como“canibalização de preços” tornou-se evidente. Como a produção fotovoltaica se concentra nas mesmas horas do dia, entre as 09:00 e as 17:00, a oferta excede frequentemente a procura, o que reduz drasticamente o preço horário nestes períodos. Em ocasiões extremas, como na última Páscoa, esta situação levou a preços nulos ou mesmo negativos durante várias horas consecutivas.
Fonte: Elaborado por AleaSoft Energy Forecasting utilizando dados do OMIE.Impacto direto no preço captado e na rentabilidade
Para os promotores, o problema não é o preço médio diário do mercado (pool), mas o preço capturado pela tecnologia solar. Em 2024 e até agora em 2025, este preço capturado foi 25-40% inferior ao preço médio em alguns mercados. Isto implica que o rendimento real de um parque solar é significativamente inferior ao previsto por alguns modelos financeiros demasiado optimistas.
Fonte: Elaborado por AleaSoft Energy Forecasting utilizando dados do OMIE e da Red Eléctrica.O papel (e os limites) dos CAE
Os contratos de aquisição de energia (CAE ) têm sido a solução mais comum para atenuar o risco de preço e facilitar o financiamento bancário. No entanto, na atual conjuntura, também estão a ser afectados: os compradores estão mais cautelosos, é mais difícil encontrar contratos depagamento conforme a produçãoe são impostas mais condições e garantias técnicas. Os preços, quando encontrados, são muitas vezes demasiado baixos para as expectativas dos promotores.
A solução estrutural: armazenamento e hibridação
Neste contexto, a hibridação com baterias está a emergir como uma das alternativas mais promissoras. A incorporação do armazenamento permite transferir a energia das horas solares de menor preço para segmentos de maior valor e melhora o perfil de entrega do projeto, o que o torna mais atrativo para os compradores num CAE e reduz a dependência dos preços do mercado à vista. Tudo isto contribui para aumentar a capacidade de financiamento do projeto.
Outros mecanismos de monetização das baterias
Para além da arbitragem de preços, as baterias oferecem novos fluxos de receitas: serviços de equilibração e ajustamento, participação nos mercados de capacidade, redução das penalizações por desvios e futura participação em serviços locais de flexibilidade.
O desafio do CAPEX e a visão a longo prazo
Os preços das baterias continuam a baixar e a evolução tecnológica e regulamentar favorece a sua implantação. Em Espanha, prevê-se que os leilões de capacidade sejam publicados no final de 2025, o que poderá constituir uma fonte adicional de receitas para o armazenamento.
Conclusão: adaptação ou estagnação
Encontramo-nos num ponto de viragem no desenvolvimento das energias renováveis. O modelo fotovoltaico tradicional baseado em “produzir e vender no local” já não é suficiente.
A rentabilidade dos projectos renováveis aumenta com a hibridação com baterias. Em janeiro deste ano, iniciou-se um novo quinquénio, o sexto do século, em que as tecnologias renováveis com hibridização desempenharão um papel preponderante no processo de descarbonização, nomeadamente a energia fotovoltaica.
O AleaSoft Energy Forecasting e o AleaStorage estão a ajudar os nossos clientes a simular cenários realistas de receitas, a avaliar a rentabilidade das hibridações de baterias e a definir estratégias de marketing adaptadas ao novo ambiente.
Análise da AleaSoft Energy Forecasting sobre as perspectivas dos mercados europeus da energia e das baterias
Na quinta-feira, 22 de maio, AleaSoft Energy Forecasting realizará o 55º webinar da sua série mensal de webinars. Nesta ocasião, o webinar centrar-se-á nas baterias e contará com a presença de Javier Adiego Orera, CEO e cofundador da 7C Energy. Será analisada a importância das previsões da procura e da banda secundária, os benefícios em função do grau de utilização das baterias e a sua otimização financeira, bem como as questões regulamentares do armazenamento de energia, incluindo as subvenções e os pagamentos por capacidade. Posteriormente, a mesa redonda abordará a hibridação com a energia eólica e os serviços auxiliares, bem como as redes de transporte e distribuição. Para isso, Kiko Maza, Diretor-Geral da WeMake, e Luis Atienza Serna, ex-ministro do Governo espanhol e ex-presidente da Red Eléctrica, também participarão nesta mesa redonda. Como habitualmente, o webinar analisará a evolução e as perspectivas dos mercados energéticos europeus.
Fonte: AleaSoft Energy Forecasting.
